Temporada de isolamento preocupa pais de crianças com necessidades especiais

Entre os diversos temores trazidos pela pandemia do coronavírus está a possibilidade de involução de assistência oferecida a crianças com necessidades especiais.

Temporada de isolamento preocupa pais de crianças com necessidades especiais

01/JUN

Muitas instituições, sem fins lucrativos, que atendem crianças, jovens e adultos com deficiência decidiram fechar as portas para não expor seus assistidos e funcionários a risco.

A consequência foi imediata. Pais e mães de crianças relatam que, desde que começou o isolamento, com a pausa nas atividades e consultas, seus filhos vêm apresentando inquietação, comportamento irritadiço.

Algumas dessas crianças não conseguem engolir a saliva. É a terapia respiratória que ajuda a deixá-las mais tranquilas. Tratamentos interrompidos, o medo dos pais é que seus filhos regridam.

O receio é justificável. De acordo com Carol Ladeia, neurologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, crianças com necessidades especiais apresentam diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais que comprometem o desenvolvimento esperado de acordo com a idade. Por isso é tão fundamental que tenham uma rotina sempre ativa. 

"Para evoluírem com aquisição de habilidades social, motora e cognitiva, necessitam de estímulo através de terapias. Ao fim da quarentena, se não houver continuidade, poderá haver piora de função motora, alterações comportamentais como agressividade, surgimento de comorbidades psiquiátricas como depressão e ansiedade, distúrbios do sono e até dificuldade em se readaptar à sua vida cotidiana prévia", explica a médica.

Em tempos de isolamento social, a recomendação dos especialistas é que os pais tentem seguir as orientações passadas pelos profissionais que acompanham as crianças, como, por exemplo, colocar música para ouvirem, deitá-las no chão com livros e levá-las para passear pelos cômodos da residência fora da cadeira de rodas (quando usarem).

A sugestão é que, no período da quarentena, os pais, na medida do possível, estimulem seus filhos. Pode ser por meio de conversas em grupos da internet, de ligações telefônicas e de atividades que agucem as funções cognitivas e neurológicas (como jogo da memória, stop, jogos de tabuleiro, quebra-cabeça).

Também são muito recomendadas atividades físicas (como circuitos psicomotores de passar por baixo da cadeira, pular na almofada, escalar o sofá, jogar bola e andar por cima da corda) e a solicitação de ajuda das crianças para o desempenho dos afazeres domésticos (como molhar as plantas, dar comida para os animais de estimação, lavar a louça e arrumar a cama).


[Fonte: Saúde // Viva Bem // UOL]